France English Português Contactez nous

facebook petite icone bleue
twitter petite icone
flux rss, icone
mecaniqueuniverselle.net : aller à la page d'accueil

Dualismo

Da discórdia nascerá a concórdia

agression jean marc tonizzo oeuvreagressividade, dominação, ódio

« Tudo é difícil antes de ser simples. » Thomas Fuller

Tudo acontece à existência, escru Heraclito, pela discórdia e a necessidade.

Podemos dizer isto por outras palavras: a discórdia faz parte das necessidades para criar… para que coisas aconteçam na existência…

Quem pode contestar a influência dos valores primários (agressividade, dominação, ódio, etc.) na evolução humana?

bem podemos sonhar com uma humanidade de concórdia e de paz, fazer votos disso, militar com força para vê-la instaurar-se enquanto somos vivos. Mesmo assim, impõe-se uma constatação:

Apesar de uma maioria humana estar virada para a paz, a fraternidade e a universalidade, a evolução simbiótica ainda não está ao nosso alcance.

Obstáculos à evolução pacífica

Vários elementos representam obstáculos à realização de uma evolução pacífica:

No Ocidente, trata-se da manipulação cujas vítimas são as democracias.

O simulacro democrático no qual estamos metidos (apesar de tudo preferível aos outros sistemas) não permite ao povo, todavia soberano, escolher ou opinar sobre assuntos tão graves como a guerra.
Dessa maneira, através de manipulações grosseiras, certos poderes conseguem fazer admitir ao seupovo o inadmissível.
Ao marginalizar a palavra do cidadão, ao colocar a voz dos mídia mais alto do que a do povo, ao transformar os mídia em instrumentos de propaganda, e ao desacreditar os opositores, esses « poderosos » conseguem impor o seu desejo de guerra às pessoas « comuns » cujo verdadeiro interesse seria a paz. é por isso que a seguir a qualquer guerra, opovo apercebe-se sempre que pagou, paga, e há de pagar a maior parte dos prejuízos.

No mundo emergente, as violências resultam frequentemente do atraso democrático. De facto, muitos países emergentes ainda hoje funcionam sob regimes monolíticos, ditatoriais ou oligárquicos (e o Ocidente tem frequentemente alguma culpa quanto à continuidade desses sistemas) e quando se tratam de democracias, certos dirigentes recusam simplesmente a alternante democrática.
Ficando com esses moldes arcaicos, esses países condenam a sua população à opressão e ao arbitrário, às antigas relações dominante/dominado, dono/escravo, e às velhas reacções emotivas.

Um terceiro ponto representa um obstáculo à realização da paz… trata-se da fraqueza da ONU. Enquanto uma autoridade justa, suprema e universal não se impor sobre a espécie humana, o jogo dos « impérios » dominantes e dos seus inevitáveis pretendentes não cessará de acontecer.
Com saudades de velhos impérios, e sem entender a posição instável e a finalidade implacável que continham, algumas potências continuam a querer impor-se como « donas » da humanidade.
Com essa atitude, essas potências não só ficam em discordância com os tempos actuais e com opovo (que pretende a paz) como também provocam naturalmente invejosas, ou seja pretendentes no conjunto das potências emergentes.
Essa competição violenta entre dominante e pretendente impede a emergência de novas formas de evolução que estariam mais em harmonia com a nossa consciência, evoluções que falariam de simbiose, de partilha, de mutualismo, de comensalismo, etc.
Esse tipo de evolução instintiva e bestial estimula os golpes baixos e os climas de espia (que representam, como disse muito bem Kant, os maiores obstáculos à paz perpétua).

Finalmente, existe a « insociável sociabilidade » do ser humano : o lobo que pode representar um homem para outro homem (segundo Hobbes) a velha cantiga do dono e do escravo (segundo Hegel) a natureza com todas as suas contradições e as suas fraquezas.
Apesar de, como já vimos acima, opovo ter todo o interesse na paz, e apesar de opovo ser mais pacífico do que os dominantes, por natureza, também é mais crédulo e mais facilmente influenciável.
Basta uma força perversa e manipuladora conseguir impor-se e estimular o lado perverso, inerente à maior parte de nós (como os romanos o souberam fazer, institucionalizando o sadismo nas arenas – ver Santo Agostinho), para encontrar, por exemplo, vozes suficientes favoráveis à guerra, mandar para a guerra uma parte do povo, enquanto a outra parte tem de sujar a própria alma apoiando os que foram para a guerra, ou calando-se.

Se queremos ultrapassar esses obstáculos, a primeira coisa a fazer é identificar os « instrumentos » invariáveis que utiliza a perfeição para levar a humanidade à escolher a violência e a servidão como forças de evolução.
Essa etapa, « psico-patológica », ainda não foi realizada. é por isso que ainda não entendemos os mecanismos que permitiram ao Hitler de subir até ao comando, apesar de ele ter enumerado os seus planos e projectos criminais muito antes de os ter realizado.

Também é por causa dessa incompreensão que falamos de « culto da personalidade » em relação à Estaline, enquanto devíamos falar de patologia narcísica.

a/ O culto da personalidade

Confundimos CARISMA natural e manipulação. O homem consagra naturalmente um culto às « personalidades » coerentes com os valores do momento. Na altura da horda selvagem descrita por Freud, ou na altura dos impérios politeístas dos gregos ou dos romanos, os guerreiros que fossem tão impiedosos como os seus deuses eram os mais venerados (como podemos ler na Ilíada por exemplo). Pelo contrário, desde que emergiram os monoteísmos, com o seu conceito de um Deus universal, justo, bondoso, e cheio de amor, passarem a ser os seres humanos que demonstram melhor esses valores que são « naturalmente » escolhidos pelos povos.
é por isso que os profetas Moisés, Buda, Jesus, Maomé, estão no coração de milhares de seres humanos há milénios. Também é por isso que as personagens que alimentam a humanidade com valores progressistas tal como Gandhi, Martin Luther King, a irmã Teresa, o abade pierre, etc., se impõem sem esforço no coração do povo. Essas « personalidades » altamente carismáticas, não são de todo narcísicas. São veneradas pelos seus grandes valores morais e humanos ou a sua força crítica, e nunca trabalham para o seu « culto ». Esse vem naturalmente, e por vezes muito depois das suas vidas.

b/ O culto segundo a perversão narcísica

é completamente diferente no caso do culto da personalidade imposto por certos ditadores Esse culto é plenamente construído e manipulado. Resulta de uma propaganda enganosa por essas personalidades narcísicas não terem nenhuma das qualidades morais que permitiriam aos « grandes homens » serem naturalmente amados
Essas personalidades não são animadas nem de bondade, nem de moral, nem de coragem (Hitler escr em 1930: « Quem quer ser chefe carrega a autoridade mais absoluta mas também a última e a mais pesada das responsabilidades. Aquele que é incapaz, ou demasiado cobarde para aceitar as consequências dos seus actos não vale nada como chefe » e a seguir suicidou-se por não querer assumir as suas responsabilidades). Essas personalidades estão do lado dos valores arcaicos, do lado dos potentes, da injustiça, da manipulação.
Para se afirmarem, estimulam o lado perverso presente no homem, turvam-lhe a vista, manipulam as suas exaltações, e calam qualquer crítica. Se é verdade que um povo tem o chefe que merece, esse conceito aplica-se apenas quando o povo não está a ser manipulado.

c/ O culto segundo o mercado

Estimular o lado perverso, turvar a vista, manipular as exaltações e calar qualquer crítica que venha ao seu encontro são os mecanismos utilizados pelo mercado para conduzir opovo ao culto dos objectos do mercado (luxos, cantores, actores, dinheiro, jogos, etc.)

Ser e ter de ser

« Procuramos sempre instalar uma ponte entre o que é e o que devia ser; assim fazemos nascer um estado de contradição e de conflito onde se perdem todas as energias. » Jiddu Krishnamurti

Algo como um desequilíbrio equilibrado parece caracterizar o psiquismo do homem construtor.

Uma tensão permanente entre instinto e consciência, pulsão e razão, entre esperança e dúvida, despreocupação e angústia, envolve a evolução humana.

Essa tensão é o fruto da luta que disputam as nossas pulsões de origem animal com os interditos do nosso novo estatuto de Homem. Resulta da nossa condição de HOMO-SAPIENS, entre o animal que éramos e o « humano sensato » em que nos estamos a tornar.

O nosso desequilíbrio psíquico vem dessa difícil transformação. Trata-se da dolorosa transformação de um primata natural, que exprime instintivamente as suas pulsões e a sua agressividade, num ser humano obrigado à refreá-las, a aniquilá-las ou a adaptá-las aos códigos da sociedade.

Essa compresṣo dos instintos naturais provoca no homem uma quantidade de patologias Рesquizofrenia, nevrose, psicose, narcisismo, etc.

patologias

Todos nós possuímos no mínimo uma destas perturbações psíquicas.

A análise que se segue não foi elaborada por nenhum especialista.

Para esquematizar a nossa demonstração, precisamos de tirar certas palavras científicas dos seus significados clássicos. Falaremos por exemplo de patologia em relação a maioridade dita « normal » da sociedade humana activa e normalmente adaptada ao mundo.

Vamos então caricaturar esse mundo dito « normal », em dois grupos:

1/ De um lado, o mundo nevrótico, fortemente impregnado de interditos, de ética, de moral, e de valores humanos universais (respeito pelos outros, igualdade, fraternidade, entreajuda, partilha, etc.). Compõe a maior parte da humanidade.
2/ do outro lado, o mundo narcísico, fortemente impregnado por valores ligados ao poder (elitismo, egoísmo, atitude de clã, desprezo pelos fracos, dominação, etc.). Compõe uma menoridade humana.

Esses dois mundos são fundamentais para a construção da humanidade.

1/ A nevrose

A nevrose resulta do conflito entre o desejo de exprimir as pulsões sem incómodo (agressividade, dominação, sexualidade) e a força daquilo que as proíbe (moral, ética, empatia, LEI). é a patologia mais frequente e mais « coerente », segundo nós, com a evolução e com os valores humanos.

De facto, quando o nevrótico está sob o domínio das suas pulsões primárias (desejo de abusar do outro, de acumular riquezas, poderes, etc.) aceita obedecer ao conjunto de regras humanas que preconizam que não se d fazer. Por outras palavras, o nevrótico vai preferir ficar frustrado em vez de transgredir a moral humana (contenho a minha agressividade contra alguém nem que isso me crie uma úlcera).

Tratando-se da nevrose, o resultado desse conflito dá vantagem às regras humanas, e dá então vantagem à lógica evolutiva da humanidade.

Imersos desde a mais tenra infância num ambiente de valores ideais, envoltos desde a idade mais nova, em comportamentos perfeitos, éticos e morais, a maior parte dos seres humanos tem como meta qualquer coisa parecida com uma conduta perfeita. Esse ideal a atingir colide com a nossa realidade quotidiana. Todos nós somos « criadores diários de pequenos pecados veniais », de pequenos golpes baixos, de mediocridade para com os nossos semelhantes. Essa realidade pouco reluzente colide com o nosso ideal e produz em nós um conflito entre o que nós somos e o que gostávamos de ser. Para a maior parte de nós, esse conflito está na origem de certos males (sentimento de culpa, remorso, lamentação, angústia). Todavia, na realidade, esses males são completamente positivos. Obrigam-nos a melhorar progressivamente e constantemente a nossa conduta.

2/ O narcisismo

Tudo aquilo que existe na terra é necessário, o narcisismo também.

narcisismo e nevrose são ambos muito importantes para a evolução humana, constroem o mundo e aperfeiçoam progressivamente a humanidade.
Em relação à evolução geral da nossa espécie, todos os seres humanos tem o mesmo valor. Todos os indivíduos que nascem nesta terra têm a mesma importância fundamental.
Tanto os que tem uma forte propensão em ajudar os seus semelhantes como aqueles que tem uma forte propensão em abusá-los.
Os dois tipos de caracteres são então ambos necessários e tem a mesma importância.
Se tem a mesma importância, não devíamos poder, em princípio, julgar as suas condutas.
Só que, para melhorar a sociedade, o homem tem de julgar os seus actos e os dos outros.
Para evoluir, temos de tomar posição, entre o bem e o mal, entre a generosidade e o egoísmo, a atitude de clã e a universalidade, a humildade e a arrogância, etc.

Se aderimos aos valores humanos, temos de escolher uma posição coerente com esses valores. Os valores humanos, bem como as nossas leis humanas, levam-nos a escolher o bem em vez do mal, a entreajuda em vez do egoísmo, o respeito em vez do abuso, etc.
é por isso que pensamos que o estado de espírito de nevrótico (incapaz de esquecer a moral humana) seja mais coerente com a evolução humana do que o espírito do narcísico (capaz de transgredir). Também é por isso que é necessário criticar certos actos e comportamentos induzidos pelo narcisismo.

Contrariamente ao nevrótico, o narcísico, quando está sob influência das suas pulsões primárias (desprezo pelo fraco, desejo de abusar dos outros, de acumular riquezas, poderes, etc.) procura satisfazê-las.

Se as patologias delinquentes infringem a leo satisfazer as suas pulsões, o narcisismo esse, procura satisfazê-las, mas de modo que lhe permita ficar dentro dos limites da legalidade.

Lógica da evolução

« O conflito é um motor do pensamento. Estimula a observação e a memória. » John dewe

Para tornar uma animal dominado pelos seus instintos num ser humano que os controla, apenas um método parece possível: aquele que nós realizamos.

De facto, para podermos eliminar a parte que podemos chamar « negativa » da evolução, por outras palavras, a violência, o roubo, a perversão, a guerra, etc., teríamos precisado de uma consciência eficaz, de leis realizadas, de uma educação perfeita, de valores humanos superiores e bem entendidos, etc., isso tudo, desde a criação da espécie.

Porém, todas essas faculdades, esses conceitos, esses valores, constituíram-se progressivamente. Nasceram do controlo progressivo das nossas pulsões e dos nossos instintos.

Então, a humanidade não se podia ter construído de outra maneira do que do modo como se construiu.

Durante todo esse período de elaboração, o homem construtor fica então dividido entre aquilo que ele gostaria de ser e aquilo que é, entre o ideal e a realidade. Essa luta entre os dois tipos de energia é o verdadeiro motor da humanidade.

Durante todo o período da humanidade inconsicente, esse conflito profundo, essa insatisfação congénita, essas pulsões primárias e egoístas, esse desejo de ter melhor do que o outro, esse desejo de dominação, foram motores potentes de construção.

Provocando vários males, essa energia estimula energia positiva contrária, realça valores ideias de justiça, de igualdade e de fraternidade, de partilha, etc…
Graças à interdependência dos mecanismos humanos, essa luta está a dar vantagem aos valores ideais, exaltados pelo maior numero de humanos, em detrimento dos valores egoístas e agressivos contra os quais a humanidade não para de lutar.

Progressivamente, entramos no mundo da evolução consciente. Graças à psicologia, à psicanálise e aos seus vários iniciadores – começando por Freud – começamos a entrr a possibilidade de uma evolução consciente e serena. é claro que ainda não é hoje, mas a humanidade prepara, lentamente e seguramente, esse terreno.

Foram necessários milhares de anos de pressões, e de obrigações em relação às pulsões transgressivas, para tirar o homem da natureza e fazer dele aquilo em que se tornou hoje. Um certo tempo (para homenagear Fernand) de compressão ainda parece necessário antes da total justaposição da prática humana sobre a teoria humana.

Uma vez que essa sobreposição se vir realizada, o homem terá finalizado um dos três pontos da sua perfeição, o ponto relativo ao comportamento.


Para resumir:

A compressão progressiva de certas pulsões (contrárias ao valores humanos) participa na pacificação progressiva do homem. é responsável pela « desprogramação« progressiva no nosso psiquismo primário, de todos os instintos que nos levam a nos afirmar em detrimento dos outros.
Tornarmo-nos totalmente respeitosos dos outros, essa é que é a finalidade.

éramos primatas naturais, maioritariamente instintivos. Somos homens construtores, oscilando entre « domínio » e « não-domínio » dos nossos instintos.
E evoluímos para humanos realizados, plenamente donos de nós.



kant

hegel

A contradição é a raiz de todo o movimento e de toda a manifestação vital. Uma coisa é susceptível de movimento, de manifestar tendências ou impulsos apenas na medida em que contêm uma contradição. Hegel – Ciências da lógica