Evolução não é superioridade
Filosofia da evolução
nossos comportamentos e os dos « primatas naturais »« Qualquer superioridade é um
exilo. » Madame de Girardin Grande parte da nossa teoria estabelece-se sobre a comparação
entre os nossos comportamentos e os dos « primatas naturais ». Mas essa comparação merece algumas precisões se queremos evitar mais antropocentrismos primários e destruidores. Apesar de todos os nossos excessos, é indiscutível afirmarmos – no que diz respeito aos domínios do comportamento, do meio ambiente e do questionamento – que a nossa espécie pode considerar-se como a mais desenvolvida de todos os primatas. Quando observamos a humanidade na sua globalidade, e com uma certa
distancia, o mundo da cultura fervilha de progresso comparado
com o mundo da natureza Apesar de certas atitudes humanas ultrapassarem, em monstruosidade, as atitudes animais, apesar de muitos actos humanos aniquilarem
todas as estruturas morais da humanidade, a nossa espécie
já atingiu um grau de socialização altamente espiritualizado. a/ O nosso grau de socialização
permite-nos, por exemplo, fazer coabitar milhões de indivíduos num espaço onde só podem viver algumas dezenas de chimpanzés. Permite-nos também fazer diminuir consideravelmente o número de conflitos quotidianos e descontrolos agressivos, em comparação com as espécies primatas.
b/
Esse desenvolvimento social também melhora os encontros inter grupos e a circulação humana sobre todo o planeta
(quando os dominantes nos dão licença para isso!). Se a humanidade conseguiu reduzir a medida sistemática de
forças entre os indivíduos, isso d-se em grande parte à linguagem e a certos códigos universais (aperto
de mão, educação, hospitalidade, etc.) Uma superioridade notável sobre os nossos primos primatas, no
que respeita ao controlo do comportamento, do meio ambiente e do
questionamento, é indiscutivelmente reconhecida.
Todavia, mesmo se a nossa superioridade « técnica
e social » é importante para nos situarmos na escala da grande subida do espÃrito para um espÃrito superior, e mesmo se ela faz de nós a espécie mais competitiva
em termos de progresso, o homem não pode pretender ser a « melhor » forma de vida da criação, ou a única que seja digna de interesse e respeito.
a/ Por um lado, a nossa posição na escala do ser vivo é independente da nossa vontade, por isso não há nenhum orgulho
em estarmos nessa posição. b/
Por outro lado, se um bater de asas deste lado do globo pode originar uma tempestade do outro
lado do globo, cada forma de vida tem a
uma importância maior para a criação. Se aceitamos a teoria de Darwin, na árvore genealógica dos nossos antepassados, há macacos, répteis, sem os quais não
poderíamos hoje existir. Todas as formas vivas pertencem
a uma espécie, espécie essa que pertence a algo mais elevado e mais vasto: a evolução
do ser vivo para um espírito superior. Assim, não
há nenhuma diferença qualitativa
entre as espécies. Todas são importantes para a criação.
Não podemos pretender que somos a única criatura do divino. A ignomínia de alguns dos nossos comportamentos é suficiente para nos lembrarmos disso. Se alguns dos elementos do universo e do ser vivo fossem exteriores ao divino, fariam de Deus uma potência limitada, e então
Ele perderia o seu carácter absoluto.
O amor como instrumento de medida
« A verdadeira superioridade do homem é a bondade. » Ludwig
Van Beethoven
Se, como pensamos nestes textos, a verdadeira evolução
psíquica do ser vivo é afectiva e não INTELECTUAL
(a inteligência sendo um meio de evolução e não o objectivo dessa evolução) então, as espécies mais aptas à afeição pura,
ou seja ao amor PURO, são as mais evoluídas do reino
vivo. Nesse caso, uma espécie como a baleia, desprovida de agressividade, capaz de amar espontaneamente o conjunto dos seus semelhantes, capaz de amar outras formas de vivos (como o homem), está sem dúvida melhor posicionada do que nós na escala da evolução.
Em todo caso, a nossa humanidade tem os meios necessários
para atingir esse estado de afeição PURA, de amor absoluto e de paz total. Para isso, tem de vencer as suas pulsões e as suas tendências. De facto, o potencial de evolução
humana é enorme.
A nossa capacidade de progressão é única no
mundo animal. O estado de amor absoluto até já foi
alcançado por certos iluminadores da humanidade, através da santidade, da sabedoria, do beatismo, do êxtase, do nirvana. a partir do momento em que colocamos o orgulho antropocêntrico
entre parênteses – orgulho que nos permite, por exemplo, torturar as outras espécies – podemos então
medir a superioridade da nossa capacidade afectiva sobre os outros
primatas. Basta por exemplo comparar o número de conflitos, de violências, de agressões, de medos e de angústias sofridas diariamente por um chimpanzé com a tranquilidade relativa, mas já adquirida, de grande parte dos homens contemporâneos, para perceber que globalmente, a nossa sorte é mais invejável do
que a dos nossos primos naturais. é por isso que é uma
vergonha, para a humanidade contemporânea que se diz superiormente inteligente, levar os nossos irmãos até espaços onde não há direitos nem leis, zonas onde os dominados – como na natureza – vivem sob a angustia da violência arbitrária
e impune dos dominantes. A tranquilidade relativa é maioritária sobre a terra e obtivemo-la, por parte, pela nossa melhor capacidade de controlo das nossas pulsões. No entanto, ainda é preciso
continuar e finalizar esse trabalho de humanização. As nossas tendências ainda são evidentes, e ainda
nos custa sobrepor a teoria humana e a prática humana.
négativismo
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