Do animal ao homem o destino do mundo amor e felicidade« A única verdadeira finalidade do amor é a
evolução espiritual ou humana. » Scott Peck A humanidade está destinada a atingir a sua perfeição Ainda que as origens da nossa espécie nos pareçam
um pouco imprecisas, e ainda que nos falte ainda alguns elos para certificar, de maneira definitiva, a nossa afiliação
ao tronco comum dos primatas naturais, o ponto de vista darwinista é o
mais geralmente admitido pelo pensamento humano. Para algumas pessoas, a teoria da evolução das espécies proposta por Charles Darwin parece incompatível com a ideia
de um mundo determinado e com a ideia de Deus. O princípio
da selecção natural, a hipótese de evolução do ser vivo por o mais adaptado, tem
de ser obrigatoriamente ligada, segundo essas pessoas, Ã ideia
de acaso, a um mecanismo auto-criado. Não partilhamos minimamente esse ponto de vista. Para nós, Deus e Darwin podem muito
bem co-existir. O darwinismo é perfeitamente conciliável
com a ideia do divino. A selecção natural pode muito
bem ser encarada como um dos mecanismos que orientam a evolução
do ser vivo para um espírito superior. O acaso não tem muito a ver com a nossa teoria; no entanto
a sua presença não incomoda em nada o desenvolvimento
dela. De facto, o ser vivo pode muito bem ser submetido ao acaso, ao mesmo tempo que tem uma finalidade determinada (assim como a
vitoria deste ou daquele espermatozóide pode ser fruto do
acaso, mas o número de espermatozóides, o numero
de tentativas possíveis, o numero de casais constituídos, etc., acaba por trazer 100% de probabilidades de que a espécie se perpetue). O acaso passa então a ser o simples instrumento
de um mundo determinado. Voltando ao tema da selecção de espécies:
A sua influência é extremamente poderosa sobre o mundo
natural; no entanto perde cada vez mais crédito sobre o
mundo cultural. De facto, a sociedade humana não cessa de combater o prÃncipio animal do mais forte que domina o mais fraco. Fora alguns caso extremos e patológicos, a maior parte dos seres humanos acha anormal o abuso praticado pelo dominante sobre o dominado. A maior parte da humanidade não clama « desgraça
ao vencido ». Com uma empatia acrescida, coloca-se, pelo contrário, « instintivamente » do
lado do fraco. é o que faz de nós uma humanidade
(e as tentativas destinadas a nos fazer detestar o oprimido nunca conseguem atingir o coração humano, coração
esse, que sabe distinguir as coisas). Esse novo patamar da vida
ajuda naturalmente a acreditar na ideia segundo a qual a selecção
das espécies é apenas um instrumento pontual da evolução do ser vivo. é certo que a humanidade provém de um mundo animal, onde reina
um sistema de selecção natural; contudo, a humanidade extraiu-se desse sistema e evoluiu. Para esclarecer essa progressão
do ser vivo, traduzida pelas suas qualidades sensíveis, vamos analisar principalmente as novidades trazidas pela nossa
espécie no grande sistema da evolução. Para simplificar o nosso vocabulário, designaremos por « primata natural » o animal de que somos descendentes, e designaremos por « homem construtor » o conjunto dos homens que compõem
a nossa espécie, desde que essa se constituiu cromossomicamente em grupo distinto. Os 3 principais progressos humanoséramos então « primatas naturais » e tornamo-nos « homens construtores ». Entre essas duas etapas, consideramos que há « evolução ». Algumas dessas evoluções parecem perfeitamente evidentes, como por exemplo a perda de pilosidade, o aumento do volume cerebral,
o desenvolvimento da linguagem ou a relação com as ferramentas. Outras, pelo contrário, são bem mais subtis, sobretudo quando tem a ver com capacidades afectivas e sentimentais como é o caso da amizade, do amor familiar, das relações sentimentais, da empatia, etc. De todas as espécies vivas, a humanidade é aquela cuja progressão é a
mais fulgurante. Além da rapidez da nossa evolução, a nossa espécie também parece ser a única
com capacidade para: Refrearmos voluntariamente certas tendências, Transformarmos conscientemente o nosso meio ambiente,
Respondermos ao conjunto dos nossos questionamentos. Comportamento, meio ambiente,
questionamento: esses são
os três principais eixos onde aparecem todas as acções humanas. O controlo progressivo do comportamento desenvolve actividades como o direito, a justiça, a psicologia,
a sociologia, a educação, a moral, a vida social,
o progresso técnico,
etc. Trata-se de aniquilar, progressivamente, a tendência
primata e se afirmar prejudicando os outros, no psiquismo humano. O
controlo progressivo do meio ambiente engloba o conjunto de actividades de construção, de pesquisa, de protecção,
de expansão, de saneamento, etc. Tem por finalidade
de adaptar cada vez melhor o homem ao seu meio ambiente. Temos de vencer pouco a pouco todos os perigos ligados à natureza
e elaborar um mundo limpo, seguro e ideal, no qual o conjunto
humano poderá viver e circular sem preocupação
e sem obstáculos.
O controlo progressivo do questionamento abrange o conjunto de pesquisas ou procuras humanas, sejam elas cientÃficas,
filosóficas,
espirituais, esotéricas, etc. A través essa contínua
procura de respostas, o homem tem de descobrir o sentido do
mundo e o significado da sua presença nesse mundo. Cada acção humana, directa ou indirectamente, de longe ou de perto, esforça-se para o progresso dum desses
três eixos principais.
Do homem ao humano Através desse longo trabalho de evolução,
a humanidade transforma pouco a pouco: um primata natural ; Submisso aos riscos da natureza… Condenado à sobreviver em detrimento dos seus semelhantes…
e ignorante da sua condição… num humano realizado
; Dono do seu meio ambiente… Perfeitamente respeitoso de outrem E que decifrou completamente o seu mundo e o sentido da sua presença
nesse mundo. Esta espectacular metamorfose de um primata natural num humano realizado está incluída na « evolução
global do ser vivo para um psiquismo superior » da qual
parece ser um dos resultados.
Hoje estamos num certo ponto desta evolução, situado
algures entre o nascimento da humanidade e a « perfeição
intransponível » para onde ela se dirige.
2001
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