France English Português Contactez nous

facebook petite icone bleue
twitter petite icone
flux rss, icone
mecaniqueuniverselle.net : aller à la page d'accueil

O homem e a invenção.

A cultura é que faz o humano.”Mónica Belluci

natalia goncharovaSe todas as espécies ANIMAIS possuem a faculdade “maquinal” de se adaptarem ao seu organismo, ao seu meio ambiente, apenas o homem, graças às suas aptidões inventivas e às suas numerosas ferramentas, pode adaptar-se ao conjunto dos meios.

Graças ao homem, o progresso passou de biológico a tecnológico.

De facto, os nossos DOTES de iNVENTOR permitem-nos, imitando a natureza, aclimatar a humanidade ao conjunto dos meios ambientes.

É assim que controlamos cada vez melhor os elementos: marinho, aéreo e terrestre.

Sabemos agora copiar quase todas as estratégias elaboradas pela natureza para aclimatar as espécies a todos os géneros de meios.

Como os morcegos ou as baleias, utilizamos o eco para distinguir objectos de noite. Como o polvo ou o lagarto, servimo-nos de ventosas para escalar superfícies lisas, etc…

“A unicidade do homem reside na sua particular adaptação biológica ao meio, adaptação que lhe permitiu adquirir a posição em pé, e depois, um desenvolvimento funcional do cérebro, processo único no mundo do ser vivo. A sua evolução biológica seguiu primeiro o mesmo ritmo do que a sua evolução cultural: o seu ritmo biológico, que é da ordem do milhão de anos, foi pontuado por etapas paleontológicas do ramo humano (sivapiteco, pré-australopiteco, homo) e até ao estádio actual, sapiens, há cerca de 100 000 anos. O seu ritmo cultural est, no inicio, em sintonia com o seu ritmo biológico; foi marcado pela emergência das primeiras ferramentas entre 3 e 4 milhões de anos, dos primeiros sílexes talhados pelos 700 000 anos, pela descoberta do fogo pelos 400 000 anos, dos primeiros rituais funerários e da produção dos primeiros pigmentos coloridos há cerca de 50 000 anos. Depois, a sua evolução cultural acelerou-se a seguir à primeira glaciação, mas essa aceleração não foi acompanhada por uma alteração da constituição biológica do homem, e particularmente do seu cérebro: o nível de inteligência não aumentou, foram os conhecimentos acumulados que aumentaram.” Robert Bouchez e Claire Laurent, História dos costumes – A plêiade (Aqui está, segundo nós, uma boa análise da evolução, mesmo que não concordemos completamente com a conclusão segundo a qual a “aceleração não foi acompanhada por uma alteração da constituição biológica do homem”… De facto, pensamos, pelo contrário, que os milénios de suavização dos COSTUMES, a aparição, a persistência, e a transmissão permanente dos grandes valores humanos, agem sobre a constituição cerebral do homem.

Essas insistências modificam pouco a pouco o nosso cérebro, tornando-o mais apto para a empatia, o amor pelo próximo, e para a felicidade).

 

O homem, obrigado à invenção

O nome do maior inventor: acidente.” Mark Twain

Esse mecanismo que leva a humanidade à cada vez mais adaptação, cada vez mais conforto, conhecimento, sensibilidade, e universalidade, dmo-lo a emergência progressiva de novas capacidades cerebrais. Essas oferecem-nos novos meios técnicos de evoluir.

Graças à grande mobilidade dos homens sobre o planeta, à sua curiosidade pelos outros, ao seu gosto pelas trocas, mas também por causo dos conflitos e das guerras, a nossa espécie desenvolveu uma potente iNTERDEPENDÊNCIA INTERCOMUNITÁRIA.

Essa obrigação de trocar (à qual se adiciona um verdadeiro prazer em inovar) faz da humanidade uma máquina para a criação, para a invenção, para o melhoramento, e assim, uma MÁQUINA para o progrèsso.

  • Essa potência criadora, dmo-la primeiro à força do nosso IMAGINÁRIO, às nossas capacidades de elaborar ferramentas, técnicas e novos objectos.
  • Também a dmos ao desenvolvimento dos nossos meios de DESLOCAÇÃO e de COMUNICAÇÃO (linguagem, viagem, etc.). Essas capacidades relacionais permitiram-nos desenvolver novas formas de entreajuda inter grupo: sendo sociável, interdependente e nómada, o homem conseguiu espalhar os seus novos conhecimentos e as suas invenções para fora do seu grupo.
  • Também a dmos à nossa memória e a aparição da ESCRITA, essas extraordinárias capacidades permitiram-nos acumular e proteger os conhecimentos adquiridos pelo homem ao longo do tempo para evitar qualquer regressão.
  • E enfim, dmo-la à aquisição da nossa moral e ao desenvolvimento do nosso espírito crítico. Esses dois valores permitem-nos orientar as acções humanas no sentido do bem da humanidade (o mal existindo para permitir ao bem afirmar-se).

 

O homem, a ferramenta e a invenção

Convidativa é a sociedade onde o homem controla a ferramenta.” Yvan Illich

De todas as espécies vivas, apenas a nossa utiliza o seu RACIOCÍNIO e ferramentaS sofisticadas para se adaptar o melhor possível ao conjunto do seu meio ambiente.

O princípio que desenvolve o órgão (segundo Lamarck) prolongou-se no caso do homem fora de si próprio, para se tornar ferramenta.

O desenvolvimento da ferramenta permitiu-nos separarmo-nos do nosso anterior estatuto de PRESA (fora algumas excepções, as outras espécies já não representam uma ameaça para o homem).

O progresso também nos ofereceu uma certa autonomia perante os elementos naturais:

  • Autonomia de movimento (o homem é agora capaz de evoluir independentemente do tempo que está).
  • Autonomia alimentar (temos os meios de produzir, armazenar, conservar e distribuir alimentos suficientes para alimentar o conjunto humano).
  • Autonomia de deslocação (já não há nenhum espaço neste mundo que seja inacessível ao homem).

A ferramenta, ao diversificar-se, fez emergir a tecnologia, que acelerou o princípio do progresso.

Quando observamos a evolução das tecnologiaS no seu conjunto, entre os primeiros homens e nós, os aspectos positivos trazidos pela tecnologia parecem incontestáveis.

e apesar dos inúmeros problemas induzidos pelo progresso (e que ainda continuam a surgir) o progresso libertou-nos de grande parte das obrigações ligadas à natureza (apesar de ainda termos de nos libertar das obrigações inerentes à própria tecnologia).

Globalmente, século após século, e com medida de densidade comparável, a situação da espécie humana melhorou e continua melhorando constantemente.

A vida do homem, hoje, é mais invejável do que a do homem do século XIX, a vida do século XIX mais confortável do que a do século XVIII, os costumes da Idade Média globalmente mais suaves do que os da antiguidade, a antiguidade mais do que a pré-história, etc. …

 

O homem e o progresso ético

O progresso corresponde a um movimento para a frente, uma mudança de estado para um nível superior, um melhoramento pelo qual nos aproximamos de um objectivo, de um ideal.

A cada época da evolução humana, os homens tem por tarefa de descobrir certas coisas, de resolver certos OBSTÁCULOS, de ultrapassar certos PERIGOS.

Até agora, a nossa espécie conseguiu desempenhar essas missões de forma correcta.

Aprendeu à dominar a linguanem, o FOGO, o Ferro, o BRONZE, a ESCRITA, a ENERGIA, a técnica

Sobreviveu às grandes epidemias e descobriu meios de as combater.

Apesar das guerras e da violência, a nossa espécie estendeu-se sobre toda a terra.

Longe de ser uma desvantagem, a diversidade cultural, a pluralidade das consciências, dos modelos de funcionamento, fizeram alargar o tronco comum dos conhecimentos.

Se os últimos séculos foram dedicados ao desenvolvimento de progresso e da tecnologia, e se as últimas décadas tiveram que estabelecer a globalização, novos desafios incumbem agora às gerações presentes e futuras.

De facto, temos de gerir os problemas de poluição, de partilha das riquezas, os problemas de consumo, as relações inter comunitárias, o desenvolvimento social planetário, as relações Norte-Sul, os problemas de governo internacional, de delinquência internacional, de ajuda política e social aos estados frágeis, de entreajuda organizacional internacional, etc.

Para isso, os dominantes humanos terão de conseguir transcender o seu comunitarismo, para trabalhar em conjunto e de forma universal, para o bem da humanidade inteira (a psicologia, a sociologia, a ciência POLÍTICA, dm associar as suas reflexões sobre o assunto).

Para permitir aos dominantes agir para o bem de todos, a humanidade terá primeiro que libertar os contra-poderes: mídias, justiça, pensadores. o conjunto deste potencial crítico e jurídico obrigará então a consciência desses dominantes à respeitar a justiça, a moral e a ética humana.


Enquanto o homem, durante a fase de “hominização” conseguiu adaptar-se aos desafios ecológicos, encontra-se agora confrontado com um desafio maior que desta vez não foi colocado pela natureza mas sim pela sua própria evolução cultural, essa confrontação dramática em declínio pode conduzi-lo ao seu declínio como espécie se ele se tornar inadaptado à vida.

[…]

Primeiro desafio, de origem biológica, devido a expansão acelerada, desigual no mundo e mal dominado, da população humana, na sequência de grandes progressos da agricultura (crescimento demográfico da China dos Ming, ou da Idade Média europeia do século XII) e sobretudo na sequência da revolução biológica do século XIX (descoberta de Pasteur que preconizou a higiene, o domínio das epidemias e da mortalidade infantil).
Segundo desafio de origem tecnológica, devido a um hiper funcionamento não dominado, e desigual no mundo, das capacidades criadoras do homem e da sua industria. Assim, o homem tecnológico moderno tem tendência a inventar a fábrica sem operários, que funcionará de modo automático, através um cérebro electrónico; esse cérebro dirigirá uma população de robôs que poderão conversar com ele e produzirão o instrumento projectado. Ainda que a revolução industrial do século XVIII (no Ocidente) e a da energia, a nova revolução industrial da idade atómica (iniciada no Ocidente e no Japão) e a da informação; é de anotar que essas duas revoluções – energética e informática – ainda tem tendência a reproduzir o modelo biológico: assimilação da energia, e depois da informação com o desenvolvimento do cérebro.
Envolvido no ciclo infernal da explosão tecnológica, o homem vê-se obrigado a inventar sem cessar.

Desafio (resultante dos dois anteriores) devido a desigualdade no mundo, ao mesmo tempo da explosão biológica e da explosão tecnológica: os povos mais numerosos sendo os menos desenvolvidos na área tecnológica. A redução de esses factores de desigualdades é, incontestavelmente, uma tarefa importante e urgente para o homem.
(Charles Maurazé, 1979)

[…]

Esse desafio cultural maior ao qual a humanidade inteira se vê confrontada, mergulha as suas raízes nas violências históricas cometidas com o objectivo de apropriação ou em nome da certeza. Apenas poderá ser dominado se uma nova política emerge, essencialmente “pragmática”, como o define Pierre-Paul Grassé (1980) apoiada sobre o conhecimento dos elementos com os quais a natureza complexa das coisas e dos seres se compõe. A emergência de uma visão pragmática do mundo constituiria um verdadeiro renascimento. No “jogo das possibilidades” do futuro cultural e humano, um tal renascimento pode emergir na sociedade chinesa: apesar dos lamentáveis ntos que, em 1989, se produziram na China, essa poderia conseguir equilibrar as tendências destrutoras da sociedade competitiva ocidental, intolerante e belicosa, e que a hipertrofia tecnológica ajuda a empobrecer na área das ideias.
Robert Bouchez e Claire Laurent – História dos costumes – A plêiade

Para resumir, podemos dizer que a abertura da consciência faz parte das tarefas iminentes da humanidade.

Assim então, se o princípio do progresso e o desenvolvimento tecnológico continuam (e não existe nenhuma razão para que sejam interrompidos) se conseguirem ultrapassar as suas incoerências e os seus gastos supérfluos, poderão estar preparados para adaptar idealmente a humanidade ao mundo, para reduzir à zero os riscos inerentes à natureza e oferecer um conforto absoluto.

A questão seguinte será então de saber à que corresponde esse conforto absoluto e com que objectivo a nossa espécie procura atingi-lo.

2001

cultura

engels

A passagem ao terceiro milénio, em filosofia, pode ser isto: tomar consciência que cumpriremos progressos apenas ao passarmos por pensamentos minúsculos e não mais maiúsculos.” P. Engel