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Do medo ao sossego

faculdade humana

Nan Goldin photo portrait violentéA une petite chose, la peur donne une grande ombre. Proverbe suédois.

Emergindo progressivamente do nada, a incrível em colocar-se perguntas espirituais, técnicas, e filosóficas propulsou a nossa espécie ao grau do progresso em que estamos.

Ao mesmo tempo, a extraordinária construção do universo permite a esse mundo maravilhoso guardar preciosamente o essencial das respostas ás nossas perguntas mais profundas. Essa subtileza mantém bem vivo o nosso desejo de perceber.

A incrível magia da criação, a fineza dos seus segredos também nos dá uma ideia da potência da sua inteligência e da sua majestosidade.

Essa potência, quando ousamos estudá-la, é capaz de fornecer a humilidade necessária para uma vida de consciência e de filosofia.

Porque a inteligência humana, apesar das suas enormes capacidades, ainda não consegue resolver os grandes enigmas da criação.

A persistência desses enigmas provoca uma quantidade de interrogações e de medos, impedindo o homem de atingir a felicidade, a serenidade e o sossego.

O que havia antes da criação ?
O que é a matéria ?
O tempo existe ?
O que é o infinito ?
Como foi que apareceu o ser vivo ?

Cada cume vencido pela filosofia, a física, a biologia, etc. compensa-nos pelas suas luzes reconfortantes e pela beleza do novo panorama.

Todavia, no alto desse cume, vemos também as novas montanhas que ainda temos de vencer, os picos que ainda nos faltam atravessar. A conclusão daquilo que nós achávamos ter encontrado apenas nos desvenda a dimensão de uma nova ignorância. O horizonte tão esperado recua incessantemente para nos atrair ainda mais longe um bocado.

Por esse mágico subterfúgio, a criação permite-nos perceber cada vez melhor este mundo e leva-nos pouco a pouco para a nossa concretização.

 

medo e progresso

A enorme curiosidade humana e o desejo de resolver os enigmas levantaram a humanidade até ao grau em que ela se encontra.

As interrogações humanas são de dois tipos :

Por um lado, as questões práticas, relativas ao mundo material e tangível. As respostas trazidas a esse tipo de interrogações permitiam e permitem adaptar cada vez melhor o homem ao seu meio.
Por outro lado, as questões metafísicas, filosóficas, abstractas, as perguntas relativas ao mundo invisível
e ao supra sensível ( o absoluto, o infinito, Deus, o sentido, o SER, o ALÉM, a libertade, etc.). Aqui, os esclarecimentos trazidos são antes de tudo destinados a atenuar os medos, os receios e as angústias originadas pelo desconhecido e o mistério.

De facto, o carácter vertiginoso das perguntas existenciais fabricadas pela religião, a filosofia e até mesmo a ciência, abala o próprio fundamento do homem que se sabe mortal.

Esses mistérios profundos (o que é que se passa depois da nossa morte, por exemplo) provocam então uma potente fonte de medo, de ansiedade, de desequilíbrio e de preocupação.

Essa preocupação, esse medo, é fundamental para a nossa evolução, é um dos mais potente motores da actividade humana:

Obriga o homem a procurar novas respostas e encaminhar-se sempre mais adiante no caminho da verdade.
Obriga-nos a não nos contentarmos com o que é, e a procurar sempre mais além.
É, segundo John Locke, a causa determinante de todo o acto de vontade.

 

Da angústia ao extâse

Mas, acima de tudo, o medo, ao opor-se ao desejo mais caro do ser humano, o de ser feliz no sentido grego do termo (e não no sentido do mercado) a preocupação e o medo contém em si próprios a matéria necessária para o seu próprio desaparecimento.

De facto, se como pensavam justamente os filósofos gregos “todo o homem deseja, antes de tudo, ser feliz”, o conjunto humano não pode deixar de combater com insistência e constância tudo aquilo que impede a felicidade de se estabelecer.

preocupação e medo, tendo como contrários confiança e sossego, quando umas existem, as outras não.

Por outras palavras, ao eliminar o medo, aparece o sossego.

E na área da teologia como na da filosofia, o sossego equivale a paz mística da alma, a ataxia, a tranquilidade do sábio, por outras palavras a felicidade aboluta.

A implacável sede humana de resolver os enigmas do mundo conduz então progressivamente a humanidade para a felicidade absoluta.

(para saber mais acerca do progresso)

2001

magia

Miguel Unamuno au milieu de ses livres, photographie

“A erudição é em muitos casos uma forma mal mascarada da preguiça espiritual, ou um ópio para adormecer as preocupações intimas do espírito .” Miguel de Unamuno

Comment être heureux si l'on ne sait ni ce que l'on est, ni ce qu'est le monde ? Encyclopédie des religions Bayard éditions.