A mecânica universal Enigma, mundo, Deus e o sentido da vida Desde a sua origem, este trabalho inscru-se na mesma ordem de ideias da filosofia da história.Desde a intuição inicial “a humanidade está destinada A atingir a sua perfeição”, procuramos demonstrar o mais concretamente possível que existe um sentido na evolução humana, uma atracção dessa evolução humana por um objectivo preciso. Segundo nós, a nossa evolução (todavia caótica e regressiva de vez em quando) leva inexoravelmente o homem para a concretização dos seus valores ideais, ou seja para o amor pelo próximo, a fraternidade, a paz universal, a igualdade, etc… Obviamente, não nos podemos iludir.
A chave do mundo não nos será entregue. Os últimos segredos do universo não se oferecerão a nós depois de se terem recusado aos maiores pensadores e místicos. Nesta abordagem, não vamos trazer nada de irrefutável. Não vamos trazer provas concretas da presença de Deus nem do sentido da humanidade.
A nossa tentativa, como as precedentes, vai nos conduzir no melhor dos casos aos pés dos cumes inacessíveis do mundo verdadeiro, em frente a pesada porta do autêntico enigma. Esperamos simplesmente poder trazer alguns argumentos novos ás concepções teleológicas e religiosas.
GostarÃamos simplesmente de oferecer mais alguns elementos relevantes a ideia do sentido, bem como a ideia de Deus.
A busca do divino
A vida espontânea e a vida interrogativa
à não ser Deus, nenhuma outra substância pode ser nem ser concebida.Espinoza
Quando levantamos os olhos para o céu, que nos debruçamos um pouco sobre a origem da matéria ou a sua constituição, quando alcançamos a grandeza e a força dos enigmas deste mundo, o nihilismo passa a resultar simplesmente de uma falta de reflexão e o facto de acreditar passa a ser uma evidência. Parece-me que há duas maneiras de abordar a existência.
A primeira preocupa-se com perguntas sobre a criação, e a segunda não se questiona e contenta-se em viver. Nenhuma das duas maneiras é superior a outra. As duas são necessárias para construir este mundo. - Questionar-se permite fazer evoluir a consciência humana, mas também significa perder a noção das realidades quotidianas.
- Não se questionar permite concentrar a sua existência sobre as coisas concretas da vida. Permite sem duvida uma melhor adaptação ao mundo, e então uma maior eficiência na construção da humanidade.
Se não fazemos nenhuma pergunta sobre a criação, então pudemos exprimir superficialmente a ideia segundo a qual Deus ou o seu equivalente, não existe. A ideia segundo a qual o mundo, como a humanidade, não fazem sentido. Mas a partir do momento em que nos interrogamos seriamente sobre o mundo, encontramos fatalmente a presença dum princípio criador. No caso dos primatas naturais, a maior parte das acções são originadas pelo instinto. Viver sem objectivo superior e sem consciência do sentido não perturba então em nada a sua vida nem a do grupo.
Já não é o caso da humanidade consciente.
Os comportamentos humanos já não estão enquadrados pelas leis da natureza mas sim por as da cultura. A ideia de Deus e os valores que ela contém (como os princípios que dão sentido à vida) são fundamentais para a nossa saúde psíquica e para evitar comportamentos absurdos. Entre a ideia de que a vida faz sentido e a ideia de que não faz, a humanidade, na sua generalidade, escolheu a primeira, porque ela procura melhorar (ou seja, aponta para um objectivo superior, o que faz sentido) e compreender (é o contrário da fatalidade). Em todo caso, até a ciência conseguir oferecer-nos a certeza que existe, ou que não existe presença divina na origem da criação, a constituição atribulada e curiosa do espírito humano terá de persistir em resolver esta poderosa fonte de inquietação.
resumo
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